sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Maturidade


17 anos. Mas as pessoas não costumam acreditar nisso; tenho também 22 e 27. Não gosto disso, por que temo que esperem de mim uma maturidade que facilmente não poderei demonstrar em todos os momentos. Dramas pessoais! Que nos levam a questões mais universais. Que diabos é ser maduro?

Partindo do conhecimento óbvio de que somos uma soma. Uma soma do universo ao qual estamos inseridos. A minha forma de me expressar, lidar com situações, e pensar é fruto do que eu leio, vivo, e do que vem para mim das minhas figuras parentais. Até onde li, aproximadamente depois dos 12 anos, essa soma deixa de contar com importância da minha idade física (o tempo que passei na terra ou o desenvolvimento do meu cérebro),e, então, o que me define são as experiências pelas quais passei. Acorrentadas ao mesmo processo vivido pelos meus pais e próximos.

Então, numa determinada família o novo adulto é considerado como tal por um parâmetro próprio determinado pelas experiências vividas por essa família, o grupo de pessoas que se relacionam. Então para cada família há um momento de transição, em que os jovens começam a ser notados como adultos, até haver um ponto crucial (uma situação?) para que esse jovem complete sua transição e possa ser reconhecido como um adulto pronto.

Mas a vida não é colorida? As situações não são múltiplas? Para a minha família eu sou um adulto, e já há algum tempo, mesmo ainda que formalmente precise de um ano. Para o convívio do meu grupo, tenho direito às minhas decisões e não estou sujeita à permissão dessas figuras parentais para realizar coisas. Há, porém, um detalhe prático. Não sou um adulto maduro, por isso minhas decisões são assistidas. Assistidas como? Eu peço opinião! Esse é nosso parâmetro. Sou capaz de racionalizar minha vida.

Significa que a minha educação, minha formação e evolução pessoal, agora, são responsabilidades minhas; aprender a dividir, que no mundo adulto quer dizer ser solidário está, agora, por minha própria conta. Feliz?

Não! É a vida. Ser um adulto ainda não é ser madura. O que eu faço com meu desenvolvimento é que define. Resolver problemas da melhor maneira possível. Livrar-me dos preconceitos que herdei e construir uma moral minha. Conquistar independência, que é diferente de não ter ou querer pedir permissões, mas não precisar pedi-las. Escolher as próprias figuras parentais, que vem como outros mentores, que ensinam à partir do ponto que seus pais lhe soltaram.
Mas a demanda de coisas para alterar em mim mesma também é uma preocupação. É natural desconstruir conceitos da fase anterior de vida. Mas quais? A influência que outras pessoas que passam pelo mesmo processo têm sobre essas mudanças e esses crescimentos pessoais deve ser supervisionada pela racionalização.

O que é base da maturidade e não deve ser desconstruída é a infância que, óbvio também, para quem leu sobre AT, é quando se aprende tudo o que é de visceral e diz respeito ao corpo. Também é o que ama o novo e inicia o burburinho para que se altere alguma coisa. Quando sua criança não gosta do que está acontecendo, ela aciona os mecanismos que tem para que as coisas se alterem. O que não dá prazer aciona o corpo, reino da criança, e dói. As coisas ou doem ou são prazerosas. Estar indiferente é mais errado, do ponto de vista da saúde, do que estar infeliz.

Em mim, minha criança dança, canta e faz o que quer. Para administrá-la preciso dar ao meu corpo umas horas de independência diária, e então; tenho 17 anos. Mas as pessoas não acreditam nisso, tenho também 1 e 4 e 7. Três meses, sem entender o que se passa às minhas costas. E não gosto disso, por que a idade é um conceito estético. Tenho seios, então deveria ter 17, mas isso não basta. Eu penso, sinto, me subdivido; e o que eu faço com essas faculdades é ser maduro. Bases e alvos.
Então ser maduro é ter a habilidade de desconstruir o que se é, mas também crescer sobre as bases já construídas. Habilidade de se alterar inteligente e constantemente. De mudar, mesmo, a gente não para nunca.

sábado, 12 de setembro de 2009

Certas noites, o céu me rouba
O mundo entra numa pausa surda,
E minhas memórias se lançam, para
Fora de mim! Rumo ao azul
Pequena e surda, um canto se abre de mim,
Um som virgem, novo.
Saio dali como se tivesse tomado um banho na alma
E, sim, o fiz.
Mergulhei num rio inverso
Na profundidade em si