quarta-feira, 22 de julho de 2009

Saber o que fazer

Organizar as próprias finanças, hoje, é o que define independência, maturidade e idade adulta. É triste admitir que o sistema financeiro pelo qual andamos nos perdendo tenha chegado aqui e, tristemente, sem que nós tivéssemos qualquer habilidade em detê-lo.

Hoje, quando penso em ser dona do meu nariz, adolescente e fugaz, como devo ser aos dezessete anos, não penso em chegar em casa depois das dez, ter carteira de habilitação, comprar bebida alcoólica, namorar quem quiser, ou até mesmo morar sozinha. Meus pais, e os pais de muitos, o desejam assim como eu. A problemática vem em outros padrões. Ter dinheiro para pagar o táxi na bandeira dois, ter o meu próprio carro, ser tão cara a garrafa de uma boa vodka, pagar um motel, aluguel, conta da internet, de água, de energia elétrica, da Tv à cabo. Ser adulto é, claramente, ter dinheiro. Não é o caso que eu discorde de que ter poder aquisitivo seja parte da idade adulta. Mas simplesmente não consigo encontrar algo que possa definir mais a idade adulta que tal. E o discernimento?

Discernir não é necessário. Paga-se alguém para o fazer. Produzir dinheiro é necessário. E, para os sortudos, paga-se alguém, também, para ganhá-lo. Enquanto a vida se instala fácil para os que são sortudos, para os que começam da conta de zero, na escala de capital acumulado, é necessário tanto discernir quanto produzir dinheiro independentemente. E assim, com o discernimento somos todos comunistas. Mas, quando somos seres vivos, lutando contra as leis da termodinâmica, baixamos a cabeça e fazemos o favor de garantir pelo menos e pão de cada dia. Basta-nos reclamar sobre a causa do problema para nos sentirmos diferenciados, quando a única coisa que nos diferencia é termos sido obrigados a discernir. E, o pior, não poder fazer nada com nosso próprio discernimento. De que adianta saber que é mais justo pôr os mendigos em sua casa, e tratar deles, se isso tiraria da sua boca e da de seus filhos a saúde e a fartura mínima?

Essa realidade sobre a qual ando falando é mais esmagadora do que se imagina. Todos os processos psicológicos, hoje, se adaptam ao capital e suas artimanhas; a chegada da idade adulta, como citei, o significado da criança, a razão entre segurança e liberdade. Esmaga, principalmente, a nós discernentes. A verdade é que nem sabemos o que fazer. E esse é o principal veneno. Reconheço uma praga egípcia disfarçada. A primeira do mundo como um todo. Tremem minhas pernas esperar pelos gafanhotos.. E ainda nem mesmo ter comentado sobre os que começam da conta de menos que zero. E ainda não saber o que fazer.

2 comentários:

neves, vinicios disse...

Axficiante. Mordaz... verdadeiro. Não saber o que fazer... realmente, tenho que concordar contigo.
Mas vivemos num país chamado Brasil... um paraíso tropical, lindo... livre.
Impregnado da má fé dos poucos e seletos "sortudos" de alto poder aquisitivo.

Monalisa Costa e Silva disse...

Brena, organizar as finanças é difícil para todos. bjs.