terça-feira, 15 de abril de 2008

Canto de hoje...

Respirei fundo quando ele entrou. Não sabia que havia chegado a este ponto. As borboletas em meu estômago não se sentiriam ofendidas se fossem chamadas de morcegos, pois o tamanho já tinham. Verdade que, com minha condição física, não tardaram a doer as assas dentro de mim, frágil. Traguei o ar mais uma vez e a concentração reapareceu. Por mais que a figura dele fosse tão importante, o futuro de papel nas mãos era infinitamente mais brilhante.
Meu futuro, nas mão de uma escolha tão simples, já pendia de um fio de cabelo, se eu não lhe prestasse a devida atenção... Que seria da minha vida? Palco, gente olhando pelo buraco da fechadura e pão amassado pelo diabo? Ou lugarzinho escondido na beira do rio com papel e caneta?
Não era preciso o velho Olavo, terapeuta da minha mãe, aparecer e me dizer o que estava havendo. Minha pouca experiência lendo livros de Machado de Assis e Jorge Amado, um de cada um, eu admito, já me dizia. Sim, porque certamente que se a cor da minha pele permitisse, me faria cor de pitanga toda vez que o ouvisse passar, ou que tentasse timbrar com a minha a rouquidão da voz dele. Era claro e debilmente infantil.
Compondo que grande parte disso é minha carência natural, a metade do que resta deve ser referente a minha desavançada idade. Mas garanto que, igualmente competente a minha juventude, minha prepotência em ser mais adulta do que deveria ser anda me dando apunhaladas nas cotas.
O desejo passa a ser simples. Que a prepotência cresça em Proporção Aritmética, porque se tender a geometria, casarei-me com Matusalém.

2 comentários:

Rômulo disse...

Vc teambém tem um blog!!!!

Livia R disse...

se isso não é amor...poderia ser!