quinta-feira, 24 de abril de 2008

Canto que eu quiser!

Moram em mim dois corpos que não se entendem
Não se lavam
Não se temem
Um em cada luz, como dia e noite que se opõe
Colho dum as flores já secas
D’outro ouço as histórias.
Ao som duma ladainha que nem mesmo treme.

Lavadeira de Pensamentos

Morena de fogo,
Dos cabelos enroladiços,
Da pele dourada, das cadeiras quentes.
E olhos cor de madeira dura,
Por que me vens tão de repente mudar meu hábitos e minhas mãos?
Por que pões fogo em minhas cadeiras e me deixa só,
de estudos e histórias pra contar?
Por que existes, morena, dentro de mim?
Por que surges de labaredas vermelhas
e afoga as gotas nos botões de flores?
Por que, morena, tão de repente há tantas morenas na morena que há?

Morena de Fogo


Não tenho história pra contar.
Sou o fogo que queima a relva...
Queimo, pois é hora de queimar...
Danço, pois é hora de dançar!

Porque perguntas tanto, menina?
Não há respostas para te dar...
Cansei da vida de lavadeira de pensamentos.
O rio corre, pois é hora de mergulhar!

Um comentário:

Livia R disse...

moram em mim bem mais que duas pessoas! Somos um albergue! Leia Rubem Alves