sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sobre cartas de Amor

O amor nos prende das formas mais absurdas. Declarar o amor já uma idéia absurda por si. Por que amar já subentende o medo de não ser amado. Por que nós amamos para garantir que alguém um dia nos amará. Dar e receber. Talvez sejamos assim. Então se declarar é tão complicado que eles (eles quem?) criaram até uma profissão para isso. Artista! Claro que não deu certo, (como tudo que eles fazem) porque os artistas resolveram alargar seus limites profissionais e falar sobre tudo com aquela linguagem complicada de artista. Mas isso é um assunto para um outro comentário. Basta dizer que essa profissão complicada desvalorizada de vida filha da puta (para quem as vive! Porra!) foi mesmo criada só para que o amor que existe na superfície fosse declarado, posto as limpas, branquinho de água sanitária… É claro que os artistas, sacanas do jeito que são, resolveram falar do que é negro e está nas profundezas também. Mas, enfim… Como se fazem as cartas de amor?

Para declarar o amor é preciso aceitá-lo. Não há como deixar alguém saber dos seus sentimentos sem entregá-los completamente a ele. Seus sentimentos devem ser do outro, a decisão tem de ser do outro. Porque quando somos donos do nosso próprio amor, a decisão é nossa e o poder é nosso. Quando ele permanece em segredo. Um amor é um jogo de poderes. Para se escrever uma carta de amor é preciso enviar o seu amor de presente. Perder o controle. Deixar de mandar. Ditar as regras. Vulnerabilizar.

Eu amo há muito tempo. Mas nunca perdi o controle.

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