sábado, 22 de setembro de 2007

Canto II

Laura caminhava pelas águas rasas da beira do rio, sentindo as pedras por entre os dedos. A barra do vestido molhada e os sapatos nas mãos.
O caminho do rio era longo e sempre igual; pedras e areia. O que mudava eram as águas por onde passavam suas canelas.
Continuava caminhando . Seus longos cabelos negros voando com o vento. Ah! como era bom sentir o rio daquele jeito. Ah! como era bom lembrar de seus tempos de criança, quando podia correr e pular nas águas sem culpa de molhar as roupas novas. Era maravilhoso sentir a areia sobre seus pés quando estava molhada.
Depois de dez passos entre as pedras não conseguiu resistir e mergulhou com avidez naquelas águas de infância. Frias e agradáveis como sempre foram. Nostálgicas.
A nostalgia é o sentimento mais agradável que se pode ter sobre o passado. Uma saudade infinita que aumente cada vez mais, um tic de querer tudo de novo, um tac de querer viver mais. O relógio vai batendo. Até que a velhice chegue, e quando chega, e o fim está próximo, só resta a bendita para fazer companhia. Até que o fim chegue, e quando chega, tudo volta. Como um raio, se repete. E você vira estrela.
Laura estava longe de viver isso. Tudo que tinha eram alguns anos de vida que nem lhe tinham deixado rugas. Mas a sensação de nostalgia a acompanhava naquele momento. A cada mergulho, a cada braçada podia sentir-se com seis anos de idade, quando vinha às águas deste rio a procura da nostalgia do dia anterior.
Esse momento se repete inúmeras vezes na vida. A vida se alimenta da vida.

2 comentários:

Lupos, Canis disse...

creio que veremos um livro surgir^^

muito bom milady^^
de fato muito bom

Livia R disse...

Laura e brena banharam-se no mesmo rio e sentem mesmo falta dele!